Como conservar seus móveis

Do planejamento das peças à limpeza, passando por manuseio adequado e manutenção de dobradiças e corrediças, os pequenos cuidados podem fazer toda a diferença na durabilidade de seus móveis. Confira as dicas:

Segundo o marceneiro e projetista William dos Santos Machado, de Porto Alegre, o peso é um dos principais aspectos a ser observado na conservação dos móveis. “Com excesso, a madeira começa a vergar”, explica, sugerindo que, nesses casos, a tábua seja virada de baixo para cima e o peso, é claro, reduzido. Outra dica é colocar latas, no caso do móvel da cozinha, nas prateleiras mais baixas, pois a base costuma ter maior apoio.

A distribuição equilibrada dos objetos nos armários também ajuda a impedir que as prateleiras cedam. Nesse sentido, Rute Fróes, gerente comercial de móveis, também na capital gaúcha, sugere fazer mais de uma pilha de pratos, por exemplo, em vez de colocá-los todos juntos de um lado e os copos do outro. “Na hora de projetar armário podemos até fazer uma prateleira mais baixa, onde fiquem apenas os pratos, para facilitar essa distribuição”, completa.

Ainda na cozinha, Machado lembra que gavetas de talheres resistem mais se têm as divisórias para os utensílios, pois o peso fica distribuído. Do contrário, a tendência é que acabem concentrados na parte central do compartimento. Em complemento, Rute sugere que sejam usadas duas dobradiças (de cada lado) nos gavetões que vão receber muito peso, para não forçar o mecanismo.

Quem pretende usar o móvel para livros também deve projetá-los ou comprá-los com tábuas mais espessas – se a peça já estiver pronta, é possível reforçá-las. Além disso, vale observar o comprimento de cada prateleira, pois a partir de 80 centímetros já é aconselhável ter um apoio extra na região central.

Manuseio

O uso diário também pode incorporar atitudes que ajudam a conservar os móveis. Uma delas é não bater portas e gavetas. As dobradiças das portas são concebidas para fechar em determinado tempo, e quando se empurra com força o mecanismo é forçado a acelerar. Nas gavetas, o impacto da batida pode, aos poucos, fazer a parte frontal – chamada espelho ou lenço – se soltar.

No caso das portas, Machado aconselha a não soltá-las para que fechem sozinhas. A dobradiça não é preparada para puxar todo o peso da porta, o que também causa esforço e pode danificar a peça. Rute lembra que se pendurar nas portas também é uma atitude que força os mecanismos e, por isso, deve ser evitada.

Posição

O local onde estão os móveis também influencia na sua duração. A primeira dica para escolher a posição é buscar um lugar em que não fiquem expostos ao sol. “Como a pele, a madeira também queima e escurece quando toma muita luz”, diz o marceneiro. A melamina, material que reveste o MDF e o aglomerado, sofre menos com a exposição, mas não deixa de ser afetada, lembra o profissional. Para evitar a o excesso de sol, uma sugestão simples: cortinas.

Mas não é só a luz que prejudica as peças: o excesso de calor também é nocivo ao material, que perde umidade e começa a entortar. No caso de móveis próximos a fornos elétricos, churrasqueiras e lareiras, entre outros, deve-se ter o cuidado de preservar certo afastamento, ou usar materiais isolantes.

O forno elétrico, por exemplo, pode ser embutido, pois esses modelos são programados para dissipar calor sem deteriorar os móveis. Outros modelos aconselha Machado, não devem ser colocados em nichos de armário, pois não há espaço suficiente para ventilação. Quanto ao micro-ondas, não há problemas, já que a emissão de calor é menor, então cerca de cinco centímetros de folga entre o aparelho e a madeira são suficientes.

Umidade

A água também é uma vilã dos móveis de madeira, e mais ainda dos feitos de MDF ou aglomerado. O líquido é absorvido pelo material, que incha e, no caso dos prensados, começa a esfacelar. E quando fala em água, Machado alerta, isso inclui a quantidade usada para limpeza também, tanto do chão quando nos panos para tirar o pó: o ideal não é jogar a água em cima, e sim umedecer um pano. A atenção deve ser redobrada no caso dos móveis com acabamento em malamina, pois ela é colada e pode começar a se soltar com o excesso de água.

A umidade também pode gerar mofo. Para evitá-lo, a sugestão é deixar os móveis afastados cerca de dois ou três centímetros da parede, permitindo a circulação de ar e evitando que, caso a alvenaria comece a “suar”, a madeira fique úmida. Outra ideia, para quem está planejando móveis embutidos, é fazê-los sem fundo. Para a cozinha, no entanto, Machado não indica esta opção, uma vez que o revestimento cerâmico das paredes já isola contra a umidade. Além disso, o fundo ajuda na sustentação do móvel, que naturalmente na cozinha recebe mais peso.

Limpeza

O ideal para limpar móveis é usar sabão neutro, como detergente de louças, e um pano ou esponja úmidos. Rute dá preferência à esponja, porque o pano às vezes solta felpa, mas reforça que se deve usar o lado macio (em geral, o amarelo) do utensílio. A dica vale para as partes em madeira ou prensados e também para puxadores e superfícies metálicas. Para as sujeiras típicas da cozinha, a recomendação é usar água morna e sabão de coco, com uma escova.

O que a gerente comercial não aconselha é usar álcool, pois nunca se consegue passá-lo de forma 100% uniforme, então em determinados ângulos têm-se a impressão de que há manchas no armário. É apenas uma impressão, garante Machado, já que a melamina não sofre manchas por causa do álcool. Se o móvel for de madeira, no entanto, pode-se manchar no acabamento – a boa notícia é que se o etanol afetou apenas a camada externa, é possível raspar o verniz e reenvernizar a peça.

As partes de vidro devem ser limpas com produto apropriado, mas os especialistas reforçam o cuidado para não usar água em excesso, o que danificaria a madeira de outras partes do móvel. A dica de Rute é colocar o limpa-vidros no pano, em vez de no móvel em si.

Proteção

Machado explica que a proteção da madeira é dada pelo acabamento, no momento de confecção da peça, seja ele lustrado, selador, goma-laca ou verniz, por exemplo. No caso do MDF e do aglomerado, é a lâmina de melamina que cumpre este papel. Além da camada externa, o marceneiro esclarece que a madeira, como o MDF e o aglomerado, recebem tratamento anticupim e antimofo, entre outros, antes da confecção do móvel.

Por causa dessa “proteção de fábrica”, Machado afirma que óleo de peroba ou lustra-móveis não afetam a durabilidade das peças, uma vez que não penetram no material. Ainda assim, Rute lembra que os produtos ajudam a diminuir a quantidade de poeira que se acumula sobre os móveis.

Para as partes cromadas, a gerente comercial recomenda usar cera automotiva ou vaselina líquida, que dão brilho e no caso das peças feitas de ferro serve também para evitar a ferrugem. Os produtos podem ser usados também nas dobradiças de metal. A vaselina ainda serve para corrediças e trilhos, onde ajuda na leveza do deslizamento.

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